terça-feira, 13 de setembro de 2011

A DOR DO ABANDONO




Era uma manhã de sol quente e céu azul quando o humilde caixão contendo um corpo sem vida foi baixado à sepultura. De quem se trata? Quase ninguém sabe. 
Muita gente acompanhando o féretro?
Não. Apenas umas poucas pessoas. Ninguém
chora. Ninguém sentirá a falta dela. Ninguém para
dizer adeus ou até breve.
Logo depois que o corpo desocupou
o quarto singelo do asilo, onde aquela
mulher havia passado boa parte da sua
vida, a moça responsável pela limpeza encontrou
em uma gaveta ao lado da cama, algumas anotações.
Eram anotações sobre a dor...
Sobre a dor que alguém sentiu por
ter sido abandonada pela família num lar
para idosos... Talvez o sofrimento fosse muito
maior, mas as palavras só permitem extravasar
uma parte desse sentimento, grafado em
algumas frases:
Onde andarão meus filhos? Aquelas
crianças ridentes que embalei em meu
colo, alimentei com meu leite, cuidei com
tanto desvelo, onde estarão?
Estarão tão ocupadas, talvez, que não
possam me visitar, ao menos para dizer
olá, mamãe? Ah! Se eles soubessem como é
triste sentir a dor do abandono... A mais
deprimente solidão...
Se ao menos eu pudesse andar... Mas
dependo das mãos generosas dessas moças
que me levam todos os dias para tomar sol no jardim...
Jardim que já conheço como a palma da minha mão.
Os anos passam e meus filhos não entram por
aquela porta, de braços abertos, para me
envolver com carinho...
Os dias passam... e com eles a esperança
se vai... No começo, a esperança me alimentava,
ou eu a alimentava, não sei... Mas, agora... como esquecer
que fui esquecida? Como engolir esse nó que teima
em ficar em minha garganta, dia após dia? Todas
as lágrimas que chorei não foram suficientes
para desfazê-lo. Sinto que o crepúsculo
desta existência se aproxima...
Queria saber dos meus filhos... dos meus
netos... Será que ao menos se lembram de mim?
A esperança, agora, parece estar atrelada aos
minutos... que a arrastam sem misericórdia...
para longe de mim.
Às vezes, em meus sonhos, vejo
um lindo jardim... É um jardim diferente,
que transcende os muros deste albergue e
se abre em caminhos floridos que levam a outra
realidade, onde braços afetuosos me esperam
com amor e alegria... Mas, quando eu acordo,
é a minha realidade que eu vejo... que eu
vivo... que eu sinto...
Um dia alguém me disse que a
vida não se acaba num túmulo escuro
e silencioso... Que a vida continua após a
morte, de uma outra forma... Mas com certeza
a minha matéria, a minha mente, o meu eu dessa
vida que vivo agora, com o nome que tenho... nunca
mais existirá ! E quando a morte chegar, só restará a
saudade que com o passar do tempo se ameniza...
( se é que alguém vai sentir saudade de mim,
já que não sentem enquanto ainda estou
viva neste asilo)
Sinto que a minha hora está
chegando... Depois que eu partir,
gostaria que alguém encontrasse essas
minhas anotações e as divulgasse. E que
elas pudessem tocar os corações dos filhos que
internam seus pais em asilos, e jamais os visitam...
Que eles possam saber um pouco sobre a dor
de alguém que sente o que é ser
abandonado...



Nossa me fez chorar!
Na minha época de faculdade eu prestei serviço voluntário em um asilo na cidade onde morava, é muito triste mesmo ver esse abandono por parte dos familiares, presenciei muitos fatos e muita história! Vi muitos sorrisos e muitas lagrimas por um abraço ou pelo um beijo recebido, só quem compartilha parte da vida ao lado desses velhinhos pode chegar perto da dor do abandono. É muita ingratidão.


"Ingratidão considero a falta de Deus no coração, sabe? Quem não reconhece esse GRANDE AMOR DE DEUS por nós jamais reconhecerá qualquer outro amor, que seja dos pais, dos filhos, irmão, amigos, conjuges... Quem não tem DEUS não tem nada, ou quase nada para enaltecer a vida... Triste realidade..."

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